Imagine um universo onde tudo é igual ao nosso, exceto que você é gremista ao invés de colorado.
E agora imagine que existe outro universo onde você nunca fez aquela escolha importante que mudou o rumo da sua vida.
Ou ainda, um universo onde os dinossauros nunca foram extintos.
Bem-vindo ao fascinante e desconcertante mundo dos universos paralelos!
O Conceito de Universos Paralelos
A ideia de universos paralelos, também conhecidos como multiversos, é uma das teorias mais intrigantes da física moderna.
Ela sugere que o nosso universo não é o único, mas que existe um número infinito de universos coexistindo com o nosso.
Cada um desses universos teria suas próprias leis da física, suas próprias galáxias e, possivelmente, suas próprias versões de nós mesmos!
Mas de onde veio essa ideia tão exótica?
Para entender melhor, precisamos mergulhar um pouco na física quântica e nas teorias cosmológicas modernas.
Física Quântica e a Teoria dos Muitos Mundos
A física quântica é a ciência que estuda o comportamento das menores partículas do universo, como elétrons e fótons.
Em nível quântico, as coisas ficam bem estranhas.
Partículas podem estar em dois lugares ao mesmo tempo, e a famosa “Experiência da Dupla Fenda” mostrou que partículas podem se comportar como ondas e criar padrões de interferência, o que é algo bem diferente do que esperamos do comportamento normal de objetos no mundo macroscópico.
Nos anos 50, o físico Hugh Everett III propôs a teoria dos Muitos Mundos como uma interpretação da física quântica.
Segundo essa teoria, sempre que uma escolha ou uma medição é feita, o universo se divide em dois ou mais universos novos.
Em um universo, você tomou uma decisão; em outro, você fez uma escolha diferente.
Isso quer dizer que todas as possibilidades de eventos quânticos se realizam, cada uma em seu próprio universo.
O Universo Inflacionário e os Multiversos
Outra teoria que dá suporte à ideia de universos paralelos vem da cosmologia, o estudo da origem e evolução do universo.
A teoria do “Big Bang” é amplamente aceita como a explicação mais provável para a origem do nosso universo, e ela sugere que o universo tem se expandido desde um estado quente e denso há cerca de 13,8 bilhões de anos.
Mas essa teoria não explica o que aconteceu nos primeiros momentos após o Big Bang. É aqui que entra a “Inflação Cósmica”, uma ideia proposta pelo físico Alan Guth na década de 1980.
De acordo com a inflação cósmica, o universo passou por um período de expansão extremamente rápida logo após o Big Bang.
Essa rápida expansão poderia ter criado “bolhas” de espaço-tempo, cada uma se desenvolvendo em um universo separado com suas próprias leis físicas.
Esses seriam os “universos-bolha”, que compõem o chamado “multiverso inflacionário”.
Universos Paralelos e a Teoria das Cordas
A teoria das cordas é outra área da física que dá margem para a especulação sobre universos paralelos.
Essa teoria sugere que as partículas fundamentais que compõem o universo não são pontos, mas sim “cordas” minúsculas que vibram em diferentes frequências.
Dependendo de como essas cordas vibram, diferentes partículas e forças são criadas.
O mais interessante sobre a teoria das cordas é que ela requer a existência de mais dimensões do que as quatro que conhecemos (três de espaço e uma de tempo).
Na verdade, para que a matemática funcione, a teoria das cordas precisa de até 11 dimensões!
Algumas dessas dimensões extras poderiam ser “universos paralelos” muito próximos do nosso, mas que são invisíveis para nós porque estão compactificados em um espaço muito pequeno ou porque estamos limitados a observar apenas nosso universo de quatro dimensões.
Provas? Ainda Não!
A essa altura, você pode estar se perguntando: “Então, onde estão as provas desses universos paralelos?”
Infelizmente, ainda não temos nenhuma evidência empírica direta que confirme a existência de outros universos.
Todas essas teorias, embora fascinantes, permanecem no campo da especulação científica e da matemática teórica.
Os cientistas estão trabalhando duro para encontrar maneiras de testar essas teorias.
Por exemplo, alguns físicos sugeriram que poderíamos encontrar evidências de universos paralelos observando anomalias no fundo cósmico de micro-ondas (a radiação remanescente do Big Bang).
Se nosso universo tivesse colidido com outro no passado, talvez deixasse algum tipo de “marca” detectável.
Até agora, porém, nenhum sinal claro de tal colisão foi encontrado.
Universos Paralelos na Cultura Popular
Enquanto os cientistas continuam suas pesquisas, a ideia de universos paralelos já capturou a imaginação do público.
Filmes como “Interestelar”, “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” e a série “Rick and Morty” exploram conceitos de realidades alternativas e multiversos de maneiras criativas e, muitas vezes, hilárias.
Essas histórias, embora fictícias, ajudam a popularizar e explorar as implicações filosóficas e existenciais dos multiversos.
O que significa para a nossa identidade se existem versões infinitas de nós mesmos tomando decisões diferentes em universos diferentes?
E se pudéssemos interagir com essas versões alternativas, como isso mudaria nossa percepção de realidade?
A Fascinação e o Futuro dos Universos Paralelos
A ideia de universos paralelos nos convida a expandir nossa compreensão do cosmos e a questionar as fronteiras do que é possível.
Embora ainda não saibamos se esses universos existem, a busca por respostas continua a inspirar cientistas e a alimentar a imaginação de escritores, cineastas e sonhadores.
Então, da próxima vez que você estiver tomando uma decisão aparentemente trivial, como escolher o que comer no almoço, lembre-se: em algum universo paralelo, você já fez todas as escolhas possíveis.
E quem sabe? Talvez um dia descubramos como fazer uma visita a esses outros mundos.
Até lá, a ideia de universos paralelos permanecerá um dos mistérios mais fascinantes e imaginativos da ciência e da ficção científica.